domingo, 7 de junho de 2015

Do fundo do bolso

Em um domingo qualquer
telhado, linhas e talvez a playlist
flutuando quem sabe nos sorrisos invisíveis
as horas correm lentas nesse silêncio ensurdecedor
assim como os pensamentos que me levam à linha do equador
dimensões e paradigmas inquietante
me acordam do sono de forma gritante
marasmo que só os domingos me traz
deleita-se em formas cada vez mais banais
faz a vida transcender mil faces irreais
sozinha
retida
em seus murais
derrama-se enfim
amores ideais

quinta-feira, 26 de março de 2015

Anagrama de amar

Tenho sofrido das dores de Catulo: odi et amo. Mais uma prova de que ainda não aprendi nada com as canções sentimentais.
Esses dias uma moça me fez um grande elogio -- "Eu não entendo nada do que você diz, Yuri. Mas esse seu jeito abstrato de falar é bem bonito". Eu ando um bocado viajoso da cabeça, realmente; às vezes acho que eu não tô mais cabendo nos espaços físicos da vida.  Minha alma tem feito morada com os rostos multifacetados de Clarice e Haroldo. Tão virando minhas galáxias, tão sendo o caos que contorna a minha forma amorfa de não-ser.  E começo aqui... e aqui me zero, reverbero...  uma pessoa que não seja uma pessoa de viagem, mas uma pessoa torna-viagem. A desorganização do  não fazer sentido é o que me atrai. Acho que eu nunca te disse, mas te acho a coisa mais lindinha desse mundo, pequenininha assim mesmo, bichinha, qual flor de laranjeira. Tua imagem e teu cheiro ainda tão intactos aqui -- quem não tá intacto sou eu --.
Vocentrismo. Tudo gira em torno de uma galáxia com teu nome, que não por acaso, é quase anagrama de "amar". Ih, cara, planetas tem aos bocados por aqui. Mas only you é galáxia. De um lado a lua, do outro lado as estrelas e aqui não cabe metáfora porque certas gentes não merecem meu lirismo. Ai, esse universo não cabe no trímetro anapéstico que eu queria fazer. É volúvel, musa primeira. Vou abrir um novo arquivo pra começar a falar do sorriso - infante como um raio de sol -  da flora que tem o mesmo nome que você (que belo avatar, hein, querida?) ou ouvir-ler sobre os fracassos da lógica cartesiana no calor dos trópicos. Alguém salve João Miguel Descartes e seu "ofício de ofídio"!  

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Saudade do meu desespero

Nesses últimos dias me peguei oca, sem tantos pensamentos, sem minha constante crise existencial e, pasmem, sem observações ácidas sobre o nosso cotidiano as quais faço de entretenimento para as definições da vida. Faço da minha tentativa de escrita um refugio que me proporciona transbordar sem medo de respingar os meus achismos pelo buraco da fechadura em que, muitas vezes, me silencio no meu infinito particular. E esse silêncio sem gritos me deixou em um estado de inércia ingrata e bastante calorosa.

   Decidi, então, sair e tentar me dimensionar em linhas. Na pluralidade dessa minha mente inquieta passaram muitas questões que estão em alta midiaticamente quanto questões de interesse e cultivo próprio, variando da politica nacional até a banalidade de esperar o ônibus e torcer que ele esteja vazio causando assim uma leve sensação de bem estar misturada com uma sorte gritante. Oras ... nada melhor do que se sentir dona do ônibus. Mas, confesso, não há nada mais prazeroso do que discutir o humano. Suas fragilidades, mazelas, ambições e, claro, suas poucas virtudes apesar de toda a capa que o faz. Quando penso no humano, agradeço a Deus por não ter concedido o poder de ler pensamentos, ao contrario, nenhuma democracia seria tão tolerante ao ponto de saber o que o outro realmente pensa - Je suis Charlie - Olhos nos olhos, quero ver o que você diz.

      Nesse mar turbulento que gosto de remar me deparei com os vídeos interessantíssimo do Leandro Karnal em que ele aborda os sete pecados capitais se direcionando a inveja e o sofrimento com a felicidade alheia, de imediato, caí na gargalhada, no segundo  denominado "orgulho nosso de cada dia" quase me engasgo com as mesmas gargalhadas.

  Calma, caro leitor, não sou uma jovem debochada - deus me livre- sou uma jovem que gosta de gargalhar que é uma coisa completamente diferente - risos-  Frente a frente com as mazelas expostas de maneira sem rodeios penso na veracidade da profundeza dos pecados. Inveja, orgulho, vaidade, gula e tantas outras em que nos constituem, sendo nossa natureza. E como ela nos corroí de maneira exacerbada quando tentamos falhamente travesti-la em discursos prontos, em sorrisos aparentes, em autoajudas justificáveis porque, claro, seria uma tragédia conviver com o nosso real reflexo, como diz o Karnal, as pessoas fazem tudo pela cena ou melhor pelo status. Mas, claro, não sinta-se atingido, meu caro, sei que com todo seu puritanismo estarás inume a essa carga pesada de ser o que é. Devemos, quem sabe, procurar um analista para entendermos que isso é mera culpa da nossa baixa autoestima e de forma alguma de uma realidade crua que fugimos a galope criando, assim, refúgios alternativos para amenizar o fardo. Não julgo, mais que compreensível. Eis aqui o meu.

sábado, 31 de janeiro de 2015

amenidades de um janeiro de mormaços

Esse texto começa comigo, em plena madrugada de sexta feira indo jogar o lixo na lixeira. Lixo orgânico, pra ser mais específico. Não, acho que não. Acho que começa hoje mais cedo, quando vimos aquele gato morto no meio da rua, com o cérebro esmagado. E torcemos para que um segundo carro passasse por cima, só para piorar mais a situação. Como se os problemas do mundo não fossem bastante.
Apesar de não ter feito promessas ou planejado metas, este ano estou disposto a ir em frente nas coisas. Independente da minha real vontade, do medo das consequências e tudo que envolve minhas decisões, estou definitivamente deixando o acaso me levar. Será que não estou me repetindo demais, sendo o mesmo mais uma vez? O mesmo que na verdade tem um toque de único quando tenta achar um erro em si mesmo. Mas sem objetivos, apenas desanda em escrever um texto qualquer para um blog sem renome no meio da internet.

Estou à espera de minha câmera fotográfica nova. Registrar para num futuro, próximo ou não, as curvas do teu corpo, a forma como as luzes caem sobre seus cabelos ou como os teus lábios são sombrios enquanto comes alface com azeite. Eu acho até graça do teu vegetarianismo. É um amor estranho esse que você tem pelos animais. Eles não fazem nada pra você, só servem para serem observados por esses teus olhos dignos de contos de Caio F. Abreu. E você os observa, filosofa sobre o mais profundo induto da consciência humana, inspirada por uma besta que demonstra felicidade balançando o rabo. Mas não posso mesmo falar mal do teu amor por animais, afinal, se não fosse ele, talvez eu não merecesse nem ser cobaia de teus olhos. E você me olha com esses olhos de quem tem uma dieta que faz mais sentido que a vida besta que levamos.

Estou a espera de muitas coisas, na verdade. Uma vida feita de esperas e atrasos. Essa vontade de ler um livro, de fazer um filho e abortá-lo. Colocar em palavras todas as pequenas coisas que meus olhos veem no cotidiano burlesco e calourento. Tenho que arrumar mais coisas pra contar, pra fazer. Se não começar a me distrair por agora, vou entrar num caminho sem volta para o ostracismo neste universo que eu mesmo estou criando. É como se eu quisesse ser ídolo de mim.

O fato é que: no alto de minha jovialidade, não sei se minha vida começou a acabar ou se ela está começando agora, mas pela primeira vez, sinto que algo está acontecendo. Algo está se movendo, dentro do repouso universal de heráclito que aprendi no ensino médio, mas que tive que pesquisar agora para ter certeza quanto à teoria e não ser falho em minha referência. É uma ladeira. O que haverá lá embaixo? talvez um espelho. talvez a física esteja reversa na minha metáfora e eu esteja subindo, ao sabor da gravidade. tudo é mais complexo do que parece. inclusive a simplicidade.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Dez Balas de Morango

Acabei de voltar da cozinha. Lá, por aquelas terras habitadas por formigas silenciosas e doces escondidos, encontrei algumas balinhas de “Morango Cítrico”. Em meio a toda maravilha agridoce recém desembalada que minha boca já saboreava, lembrei de você. Lembrei que devia passar o adocicado que me mostraste, para minhas palavras de chocolate branco derretido.
Dos muitos mistérios da vida que moram entre “a razão do viver” e o “depois de morrer”, existe minha curiosidade quanto a tua pessoa: Quem seria essa doce-moça-boba dos cabelos da cor do sol? Essa dos olhos arqueados como um horizonte que se curva para beijar o nascer da lua, mas que, ainda assim, apenas tenho um olhar vislumbrado por meio de fotografias de facebook – fotos que mostram sorrisos que falam mais do que qualquer palavra trocada ou cruzada, diga-se de passagem -?
As viajosidades poéticas sobre o amor e paçoquinha com brigadeiro (não seria “amor” e “paçoquinha com brigadeiro” a mesma coisa?) mostram a loucura de uma flor do campo que tem uma morada no nome, um “Lar”, onde os beija-flores buscam, de maneira dulcíssima, a calma para uma conversa às duas da madruga boladona. Na despedida, voam beijos imaginários mais doces que qualquer doce que se possa encontrar no fim de um arco-íris de algodão-doce. No fim, palavras voltam a ser só palavras, e eu e você voltamos a ser só dois avatares coloridos.
Ao fim deste malogro textual, foi consumido um total de 10 (Dez) balinhas de morango. Mas, convenhamos, ainda há muitos doces a se provar!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Deus está mais gordo

Por diversas vezes já acordei antes do despertador tocar, sob o silêncio imaculado da falta de obrigação e fiquei a imaginar todas as pessoas que gostaria de abraçar. Um daqueles abraços que nos fazem perder um pouco de nós e ganhar um pouco do outro. Um daqueles abraços que deixa marca, que tira pedaço. Mas o dia segue, os compromissos chegam e eu aprendo novamente a dizer "oi" sem sentimentos, a desejar bom dia e a repetir aquele sorriso mecânico.
Ultimamente meus sinceros "bom dia" são apenas para os motoristas de ônibus.
Acho que há algo de secreto nos abraços. Algo de místico nos beijos. Não sei explicar porque, mas todos concordam que estes não se resumem a meros toques de pele. Os abraços, penso eu, surgiram na necessidade de troca de calor. E ao longo dos tempo, ao invés de salvar do frio, ele passou a salvar da solidão. Mas o beijo não faz sentido. Talvez o compartilhamento de bactérias nos deixe mais forte, não sei. Talvez tenha algo a ver com uma parte não física do nosso corpo.
Em muitos casos de exorcismos, por exemplo, os possuídos vomitam, ou expelem outros tipos de substância pela boca ao serem limpos. Mas não consigo ligar uma coisa a outra. Talvez o beijo seja algum tipo de exorcismo. Exorcismo da solidão. Exorcismo desse sentimento que fica martelando no nosso incosciente que a vida é difícil, que as semanas têm sido repletas de agonia pelo simples fato de estar vivo e não entender muito bem o mundo ao redor.
Sexo deve ser algo do gênero, mas minhas experiências sexuais ainda não comprovam muita coisa. Acho que o sexo tem algo inconsciente que se relaciona com a importância da vida, da reprodução da espécie, daquela frase que Deus disse: "Crescei-vos e multiplicai-vos".
Será que Deus imaginava que a gente fosse se multiplicar e crescer do jeito que estamos fazendo? Será que ele imaginava por exemplo que a gente iria criar a seringa? Por mais que ele seja o todopoderoso, acho improvável ele ter imaginado tudo.
E se ele não tiver imaginado tudo, será que ele não mudou de opinião quanto à ordem que dizia pra gente  se multiplicar? Faz tempo que Deus não fala nada. E mesmo que ele tentasse falar com a gente, só mesmo abrindo os céus e dizendo "Prestem atenção, seus porras!", até porque o mundo tá cheio de cara dizendo que fala com Deus e que Jesus mandou umas mensagens e ninguém dá atenção pra essa galera.
No mínimo, acho que se Deus aparacesse, ele não seria o mesmo Deus que a gente conhece. Sabe quando a gente não vê alguém há uns tempos e quando vê ela sempre tá mais gorda ou com o cabelo diferente?
Definitivamente, acho que Deus deve estar psicologicamente mais gordo, ou pscologicamente com o cabelo diferente.
Mas se ele aparecesse e fizesse uma paletra, eu iria. E se no final ele abrisse um espaço para perguntas, eu já teria dois questionamentos prépalestra.

1) Disserte sobre beijos, abraços e sexo. Relacionando este último com a frase anteriormente dita por você. "Crecei-vos e multiplicai-vos"

2) Onde eu recebo meu certificado de que participei dessa palestra? Sabe como é, meu curso precisa de horas complementares...

Espero ansiosamente o apocalipse. Vai explicar um monte de coisa.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Democracia autoritária


Em puro estopim do cenário eleitoral no país, em que todo mundo é pleno entendedor das questões politicas no brasil, exílio-me como observadora. Redes sociais a cada segundo são bombardeadas por opiniões/posições/oposições e egos intelectuais que, apenas se mostram - como os políticos- em quatro e quatro anos. Pura coincidência! É uma intolerância à opinião alheia sem proporção, ressaltando aos nordestinos, diga-se de passagem. E sabe o mais cômico? Os mesmos nordestinos que são vitimas da tal intolerância, disseminam a mesma com seus conterrâneos por terem uma visão diferente da grande maioria. Gargalhadas? Segurem os forninhos, 'giovanas'.


Nada mais intolerante do que uma "democracia jovem", como a nossa. Após 21 anos de ditadura, ainda transparecemos pouco capazes de respeitar a opinião alheia, sem julgamentos, sem desmoralização. É uma infantilização aguda, birra de divergências. Como citei em um artigo passado, é uma afetação em querer ter razão, como dizia Camus: "a obsessão em ter razão é a marca suprema de uma inteligência grosseira".


Não quero dizer, caro leitor, que politica não possa ser discutida, debatida, argumentada ... oras, afinal, é uma liberdade de expressão que é um direito totalmente garantido por lei, e sim, é um exercício a cidadania. O fio da meada, é como pode ser propagado sem interferir a liberdade do outro. Um exemplo claro disso é a imposição de pensamento que aconteceu no debate da record  pelo candidato Levy Fidelix - partido renovador trabalhista brasileiro - que ganhou repercussão por defender de forma grosseira sua aversão as causas homoafetivas e tudo que a engloba. Típica "picuinha' da bancada conservadora que adora "se meter na vida alheia e enfiar suas verdades goela abaixo". Uma tragédia!

Militantes de todo o brasil que, constantemente defendem causas do tipo, parecem sofrer de uma Alzheimer temporária quando a questão é diretamente ligada com sua posição politica. Uma contradição pouco percebida aos eufóricos cidadãos conscientes. Liberdade, igualdade, igualdade, ops, igualdade. Hmm ...  Estaria, então, todo o sentido de democracia perdido em meio ao achismo ditatorial das opiniões (?) Tantas questões ...



Dilma, Aécio. Bolsa Família. Economia. Mensalão. Privataria Tucana.
As opções foram lançadas e as tendências disseminadas ... 'Se é pra errar, prefiro errar "diferente".




Entre aspas.
*risos*