quinta-feira, 26 de março de 2015

Anagrama de amar

Tenho sofrido das dores de Catulo: odi et amo. Mais uma prova de que ainda não aprendi nada com as canções sentimentais.
Esses dias uma moça me fez um grande elogio -- "Eu não entendo nada do que você diz, Yuri. Mas esse seu jeito abstrato de falar é bem bonito". Eu ando um bocado viajoso da cabeça, realmente; às vezes acho que eu não tô mais cabendo nos espaços físicos da vida.  Minha alma tem feito morada com os rostos multifacetados de Clarice e Haroldo. Tão virando minhas galáxias, tão sendo o caos que contorna a minha forma amorfa de não-ser.  E começo aqui... e aqui me zero, reverbero...  uma pessoa que não seja uma pessoa de viagem, mas uma pessoa torna-viagem. A desorganização do  não fazer sentido é o que me atrai. Acho que eu nunca te disse, mas te acho a coisa mais lindinha desse mundo, pequenininha assim mesmo, bichinha, qual flor de laranjeira. Tua imagem e teu cheiro ainda tão intactos aqui -- quem não tá intacto sou eu --.
Vocentrismo. Tudo gira em torno de uma galáxia com teu nome, que não por acaso, é quase anagrama de "amar". Ih, cara, planetas tem aos bocados por aqui. Mas only you é galáxia. De um lado a lua, do outro lado as estrelas e aqui não cabe metáfora porque certas gentes não merecem meu lirismo. Ai, esse universo não cabe no trímetro anapéstico que eu queria fazer. É volúvel, musa primeira. Vou abrir um novo arquivo pra começar a falar do sorriso - infante como um raio de sol -  da flora que tem o mesmo nome que você (que belo avatar, hein, querida?) ou ouvir-ler sobre os fracassos da lógica cartesiana no calor dos trópicos. Alguém salve João Miguel Descartes e seu "ofício de ofídio"!  

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