sábado, 31 de janeiro de 2015

amenidades de um janeiro de mormaços

Esse texto começa comigo, em plena madrugada de sexta feira indo jogar o lixo na lixeira. Lixo orgânico, pra ser mais específico. Não, acho que não. Acho que começa hoje mais cedo, quando vimos aquele gato morto no meio da rua, com o cérebro esmagado. E torcemos para que um segundo carro passasse por cima, só para piorar mais a situação. Como se os problemas do mundo não fossem bastante.
Apesar de não ter feito promessas ou planejado metas, este ano estou disposto a ir em frente nas coisas. Independente da minha real vontade, do medo das consequências e tudo que envolve minhas decisões, estou definitivamente deixando o acaso me levar. Será que não estou me repetindo demais, sendo o mesmo mais uma vez? O mesmo que na verdade tem um toque de único quando tenta achar um erro em si mesmo. Mas sem objetivos, apenas desanda em escrever um texto qualquer para um blog sem renome no meio da internet.

Estou à espera de minha câmera fotográfica nova. Registrar para num futuro, próximo ou não, as curvas do teu corpo, a forma como as luzes caem sobre seus cabelos ou como os teus lábios são sombrios enquanto comes alface com azeite. Eu acho até graça do teu vegetarianismo. É um amor estranho esse que você tem pelos animais. Eles não fazem nada pra você, só servem para serem observados por esses teus olhos dignos de contos de Caio F. Abreu. E você os observa, filosofa sobre o mais profundo induto da consciência humana, inspirada por uma besta que demonstra felicidade balançando o rabo. Mas não posso mesmo falar mal do teu amor por animais, afinal, se não fosse ele, talvez eu não merecesse nem ser cobaia de teus olhos. E você me olha com esses olhos de quem tem uma dieta que faz mais sentido que a vida besta que levamos.

Estou a espera de muitas coisas, na verdade. Uma vida feita de esperas e atrasos. Essa vontade de ler um livro, de fazer um filho e abortá-lo. Colocar em palavras todas as pequenas coisas que meus olhos veem no cotidiano burlesco e calourento. Tenho que arrumar mais coisas pra contar, pra fazer. Se não começar a me distrair por agora, vou entrar num caminho sem volta para o ostracismo neste universo que eu mesmo estou criando. É como se eu quisesse ser ídolo de mim.

O fato é que: no alto de minha jovialidade, não sei se minha vida começou a acabar ou se ela está começando agora, mas pela primeira vez, sinto que algo está acontecendo. Algo está se movendo, dentro do repouso universal de heráclito que aprendi no ensino médio, mas que tive que pesquisar agora para ter certeza quanto à teoria e não ser falho em minha referência. É uma ladeira. O que haverá lá embaixo? talvez um espelho. talvez a física esteja reversa na minha metáfora e eu esteja subindo, ao sabor da gravidade. tudo é mais complexo do que parece. inclusive a simplicidade.