sábado, 9 de agosto de 2014

senta o dedo

7 de setembro de mil novecentos e noventa e seis.
tupac amaru shakur morria. dois meses depois eu vinha ao mundo, besuntado em líquidos uterinos e placentários. onde eu estou hoje? onde tupac está?
duas perguntas sem resposta. mas enquanto o brasil preparava seus desfiles de independência, glorificados pelos cavalos e seus cocôs, tupac vivia suas últimas horas. não sei se de forma tão poética quanto imagino, pois não entendo de fusos e nem sei direito o que é gmt. mas ainda assim, nada faz sentido. tudo que ele viveu, pensou e maquinou para que desse certo foi levado embora naquela noite de setembro. pelo misticismo, temos virgens e libras em setembro. pela minha consciência quase nula neste mundo, não temos muita coisa a não ser a nossa própria cabeça, corpo e ideias.
dezoito anos na cara. escrevendo com letras minúsculas como um ato de desespero em busca de uma identidade. "João, aquele cara que escrevia com letras minúsculas". "mas sempre que ele escrevia o nome dele, era com letras maiúsculas. talvez isso demonstre um fio da psycho dele que se achava superior ao mundo por n motivos" "não sei. talvez. tinha o fato de ele quase sempre escrever data e números por extenso" "talvez demonstre uma aversão à quantificação das coisas, talvez uma crítica à nossa sociedade construída sob números e suas manipulações" "vai ver era só o jeito dele, sem nenhuma mensagem por trás de tudo aquilo ou qualquer tipo de ideologia maior. vai ver ele só queria fazer as coisas do jeito dele pra se sentir um pouco mais livre do peso que o mundo tem" "dizem que ele gostou de uma mulher uma vez" "não sei".
então desolados, olham pela janela e pensam no meu rosto.
o que faria tupac shakur no meu lugar?
vínculado à minha realidade, acho que ele seria só mais um. acho que todo mundo necessita dos cavalos de tróia e das agonias que possuem. porque talvez o sentido da vida seja apenas ser um ponto único que é epicentro de tudo que não existe.

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